Amamentar é desafio
Toda mulher é tão capaz de amamentar quanto de parir.
E quando digo amamentar quero me referir à amamentação exclusiva do leite materno até por volta dos seis meses e estendida até um, dois anos de idade da criança. Ser capaz não será suficiente para conseguir fazê-lo. Não basta querer, ter interesse: precisa ir além. Precisa de suporte profissional, de informações atualizadas, de rede de apoio efetiva e afetiva. As chances de não aparecerem obstáculos depende do contexto que você está inserida, assim como as chances de parir sem sofrer violência obstétrica. E falo isso não para desanimar, pelo contrário, quero motivá-la a fazer parte da mudança, a ser protagonista.
Eu sei que há mulheres infertéis, eu sei que há mulheres que não terão leite ou será insuficiente como único alimento do seu bebê. Mas isso não anula a capacidade reprodutiva e produtora de leite das mulheres. E falar dessa capacidade não deve ferir nenhuma outra mulher, especialmente porque queremos nos proteger e garantir nossa condição.
Amamentar é desafio. É preciso aceitar e reconhecer essa realidade.
Contar com a sorte pode ser custoso, cansativo, estressante.
Toda conversa sobre amamentação deve contemplar três instruções iniciais e básicas:
- Não use ou oferte bicos artificiais;
- Dor ao amamentar não é normal, considere ajuda profissional;
- Cuide da sua saúde mental: amamentar não é ponto no currículo para ser boa mãe.
E se não der certo? Provavelmente não dê. Essas instruções, como eu disse, são iniciais e básicas. Não adianta saber e se apegar como se isso salvasse a história particular de cada mulher que passa por dificuldade. O que adianta é saber e passar adiante poucas, mas boas informações.
A ajuda profissional pode contribuir na detecção da presença de freio no bebê, na correção da pega do seio, na construção da rotina de extração de leite, na adaptação na volta ao trabalho, nos esclarecimentos em relação à livre demanda e sono.
Apoie mulheres lactantes ao informar outras mulheres e defender seu acesso a serviços de qualidade.
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Ana Sanbispo
Aos 20 anos, parei de cursar Psicologia e fui experimentar o que seria (ou mais faria) na vida. Tornei-me servidora pública aos 23. Sou mãe, pedagoga, artesã, doula e (quase) enfermeira. Estão entre as minhas habilidades fabulosas cortar um bolo magnificamente bem, lembrar inúmeros sonhos e fazer vestidos de noiva.
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