Maternagem

O bebê nasce e…

Quando o filho nasce, muito se perde fácil e rapidamente.
Perdemos a coragem de questionar, de reclamar, de denunciar pois custamos a crer no milagre que participamos ao ver o bebê aqui fora.

Às vezes, muito mais vezes do que imaginamos, o bebê vai nascer sem vida ou viverá por poucas horas. Mas estaremos tão machucadas que não saberemos durante algum tempo como agir e o que fazer.

Às vezes ele não nasce, é “expulso, retirado” antes do tempo, já sem vida. É tão frágil e tão forte e somos consideradas “moles” por não seguir adiante ou insensíveis por não chorarmos o quanto queriam que chorássemos em público.

Bebê nasce e não sabemos mais deixar as reclamações na caixinha da instituição particular que insiste na imagem de atendimento humanizado.

Bebê nasce e custamos a contabilizar as violências obstétricas passadas principalmente se vieram acompanhadas de “mãezinha”.

Bebê nasce e a mãe se cobra num nível absurdo até conseguir firmar sua rede de apoio (quando tem ou enquanto estiver).

Bebês nascem e mães são impelidas a esquecer, perdoar, simplificar, agilizar, tudo em prol da sua saúde mental (e terapia é supérfluo?) ou da família ou da criação “autônoma” da criança.

Eu, como católica, sei o quanto a oração nos sustenta. Mas jogar para Deus suas decisões sem que você enfrente seus desafios pode te fazer muito infeliz. A mãe do(a) seu(sua) filho(a) é você. Você quem está aqui, seja a mãe que ele(a) precisa.

A mãe que minha filha precisa é a mãe que luta, que descansa, que brinca, que lê, que educa, que passeia, que não para, que estuda, que se supera. Porque meu ponto de referência concreto não é quem eu posso ser e sim quem já fui. Aprendo com meu presente, não somente com meus erros. Não julgo meus resultados porque minha intenção não é resumi-los, e sim, transformá-los: experimente!

Minha filha nasceu em casa, sem planejamento, sem assistência 100% adequada, mas não porque eu quis assim. Deus nos surpreendeu, como sempre! Hoje já entendo que é preciso refletir sobre cada quando, quem e como antes de sair se justificando por aí.

A mãe da minha filha sou eu.

Aos 20 anos, parei de cursar Psicologia e fui experimentar o que seria (ou mais faria) na vida. Tornei-me servidora pública aos 23. Sou mãe, pedagoga, artesã, doula e (quase) enfermeira. Estão entre as minhas habilidades fabulosas cortar um bolo magnificamente bem, lembrar inúmeros sonhos e fazer vestidos de noiva.

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