AMAMENTAR DÓI
Amamentar não precisa ser difícil, doloroso e incômodo. Não precisa e nem deve ser. Mas se você quer amamentar, as chances de acabar caracterizando esta fase desse modo são grandes. Porque nos habituamos a não pedir ajuda, a não contratar ajuda, a não reconhecer ajuda.
Os motivos são vários, mas hoje quero listar os meus motivos. Os motivos de uma mulher que cursa uma área da saúde na faculdade (enfermagem), que consumiu muito conteúdo sobre parto e amamentação na gravidez, que teve doula e consultora em Amamentação.
O que mais me atrapalhou a reconhecer o momento de procurar mais ajuda foi o fato de sempre escutar comentários negativos de quem ou passou pela experiência de amamentar de forma sofrida ou não conseguiu amamentar. Eu me fechei porque não queria ceder ou desistir diante de tanta coisa que ouvia.
Mas isso trouxe outro obstáculo: reconhecer que o que estava tentando não funcionava e não funcionaria. Só mais de uma ano depois, numa formação para consultoras em Amamentação, é que eu descobriria que a boca de peixinho é um clássico falho. Que usar copinho para alimentar o bebê antes da pega pode deixá-lo “preguiçoso” e acabar não ajudando na relação seio e bebê. Que o peito pode sim evitar de ser ferido se agirmos rápido, se tivermos apoio logo, se estivermos atentas e bem treinadas.
Muitas mulheres do grupo das que amamentam conseguem passar por essa fase de forma tranquila e natural. Eu conheço algumas assim, pessoalmente. Mas outras não vão. E se formos pensar nas que desistem de amamentar o número é mais assustador.
A cultura do desmame está em toda parte. E você será encurralada por ela. Talvez o valor da fórmula te faça considerar que uma bomba extratora de leite nem é tão cara assim. Ou talvez te relembre que antigamente nem precisava dessas coisas e sobrevivemos.
Eu e você sobrevivemos, por isso podemos falar.
Mas quem não sobreviveu, não tem voz mais?
Nem eu nem você podemos dar voz a estes que se foram?
A cada vez que você traz esse tipo de afirmação para justificar ou apoiar suas decisões como mãe, você se perde. E estando perdida, qualquer caminho é o caminho. E não, não estou culpando alguém ou a situação ou o ambiente. Estou compartilhando a minha história que não é só minha se você também se identificar.