Educação perinatal,  Parto

De quem é o direito ao acompanhante no parto?

Muitas vezes quando falamos sobre a lei do acompanhante, as pessoas associam o acompanhante ao pai da criança. E não sem razão, muitas maternidades negam sua entrada por ser homem e pela mulher estar em sala de pré-parto, parto e pós-parto com outras mulheres.

Porém, não devemos interpretar a lei sob o ponto de vista mais igualitário (seria essa a palavra?), alegando que o pai DEVE e PODE participar do parto, acompanhando a mãe da criança. Primeiro, porque nem sempre trata-se de um casal estável. Segundo, porque pode ser que a mulher não fique confortável com ele ali, com o que ele irá ver etc.

A lei é clara:

Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde – SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
§ 1º O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.

Ou seja, é a parturiente quem vai escolher ou concordar com a presença do acompanhante. E, se ela não quiser ninguém, precisa ser respeitada também.

Em tempo: NÃO existe direito do pai de acompanhar o parto! Se a mulher quiser o pai da criança, o irmão, um amigo, a tia, a prima, a vizinha, quem quer que seja (algumas maternidades limitam a idade máxima), é esta pessoa que DEVERÁ ser o acompanhante.

Mas o pai deveria acompanhar o parto… Sim, eu também acho. Mas isso não está na lei, oras! Se o que tá na lei, tá difícil de cumprir, imagina só o resto…

Deixem as mulheres livres e confortáveis para escolherem bem a pessoa que será seu apoio e te transmitirá confiança. Parem de impor/supor que o bebê precisa do pai assim que nasce. É o pai que precisa conhecer o filho. E, pais, lutem pelo direito de verem seus bebês sim, mas sem anular o que já está disposto por lei.

Aos 20 anos, parei de cursar Psicologia e fui experimentar o que seria (ou mais faria) na vida. Tornei-me servidora pública aos 23. Sou mãe, pedagoga, artesã, doula e (quase) enfermeira. Estão entre as minhas habilidades fabulosas cortar um bolo magnificamente bem, lembrar inúmeros sonhos e fazer vestidos de noiva.

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